A Realidade é Onipresente
Não há um único ponto em que a Realidade não esteja. Você vivencia a existência através dos objetos, mas tudo isso não é nada. É onipresente, mas você não pode vê-la. Por quê? Porque você é a própria Realidade. Então como pode você se ver? Para ver seu rosto, você precisa de um espelho.Primeiro você precisa se conscientizar e depois se tornar a própria realidade, porque você é Ela
Pergunta: Quando considero minha verdadeira
natureza, fico no "EU SOU", invade-me um sentimento de amor sem
causa. Esse sentimento é correto ou ainda é uma ilusão?
Maharaj: É o êxtase do Ser. Você sente a
presença do "EU SOU". Você se esquece de tudo, dos conceitos e da
ilusão. É um estado não-condicional. Essa felicidade aparece quando você se
esquece do objeto, mas na felicidade ainda há um pequeno toque do eu. Afinal, é
ainda um conceito.
Quando você se cansa do mundo externo, você quer ficar só, para estar consigo mesmo. É a vivência de um estado mais elevado, mas ainda faz parte da mente. O Ser não sente prazer nem desprazer, sem o eu, sem o "EU SOU". O completo esquecimento da ilusão significa que nada é, nada existe. Ela ainda está aí, mas para você ela não tem realidade. É a isso que se chama de Constatação (Realização), ou Autoconhecimento. É a constatação do Ser sem o eu.
Quando você se cansa do mundo externo, você quer ficar só, para estar consigo mesmo. É a vivência de um estado mais elevado, mas ainda faz parte da mente. O Ser não sente prazer nem desprazer, sem o eu, sem o "EU SOU". O completo esquecimento da ilusão significa que nada é, nada existe. Ela ainda está aí, mas para você ela não tem realidade. É a isso que se chama de Constatação (Realização), ou Autoconhecimento. É a constatação do Ser sem o eu.
Se alguém o chama, você diz "Estou
aqui", mas antes de dizer "Estou aqui", você estava. A ilusão
não pode colar mais alguma coisa na Realidade. Não pode colar algo
extraordinário na Realidade, porque a Realidade está na própria base de tudo
que existe. Tudo que existe, tudo que você vê, os objetos da sua percepção,
tudo se deve à Realidade. A ignorância e o conhecimento não existem. Não
existem. Então, como é que você poderá expressá-los?
Quando você objetifica algo significa
que está sentindo alguma coisa. Tão logo sinta alguma coisa, você se afasta de
Si, do Ser. Você sente amor, que é melhor que estar na ignorância, mas, afinal
de contas, isso ainda é um estado, e um estado é sempre condicionado. O
não-condicionado não tem estados. É a experiência da inexistência da ilusão.
Tão logo você sinta a mínima existência, isso é ignorância. Isso é muito sutil. Ignorância e conhecimento ambos são sutis. É difícil entender, mas, se você realmente averiguar, chegará a esse estado. Isso é, e sempre foi, mas você não sabe; essa é a dificuldade.
Não há um único ponto em que a Realidade não esteja. Você vivencia a existência através dos objetos, mas tudo isso não é nada. É onipresente, mas você não pode vê-la. Por quê? Porque você é a própria Realidade. Então como pode você se ver? Para ver seu rosto, você precisa de um espelho.
Tão logo você sinta a mínima existência, isso é ignorância. Isso é muito sutil. Ignorância e conhecimento ambos são sutis. É difícil entender, mas, se você realmente averiguar, chegará a esse estado. Isso é, e sempre foi, mas você não sabe; essa é a dificuldade.
Não há um único ponto em que a Realidade não esteja. Você vivencia a existência através dos objetos, mas tudo isso não é nada. É onipresente, mas você não pode vê-la. Por quê? Porque você é a própria Realidade. Então como pode você se ver? Para ver seu rosto, você precisa de um espelho.
A verdadeira felicidade está dentro de
você e não fora. No sono profundo, você é feliz. Esquece-se do mundo. Portanto,
a felicidade jaz no esquecimento do mundo. Deixe o mundo ser como é; não o
destrua, mas saiba que ele não é. Faça tudo quanto tenha que fazer, mas fique
desapegado com a compreensão de que seja lá o que for que você sinta, perceba e
alcance é ilusão; não existe, e a sua mente precisa aceitar isso.
Os santos dizem: "Já que tudo é
nada, como poderá você ser afetado por este nada, como o nada poderá
atingi-lo?" Então, o que fazer? A mente não passa de conhecimento. As
pessoas diferenciam a mente do conhecimento, mas isso não é correto. Não há
nada no mundo. É ilusão. Só a Realidade existe, e, quando você entender que a
ilusão é realmente ilusão, como poderá ela afetá-lo? Como poderá você sequer
sentir que ela o afeta? A pétala de lótus origina-se da água; fica em cima
d'água, mas não é tocada pela água. Se você verte água sobre ela, a água
escorre; a flor não se molha.
Quando você compreende que nada
permanece, já não se trata mais do amor. A felicidade do Ser que você sente é
ainda o prazer do conhecimento. Primeiro você precisa se conscientizar e depois
se tornar a própria Realidade, porque você é Ela. Portanto, não faz mal algum
viver na ilusão, no mundo, mas ele não existe, você não é atingido. O lótus
permanece na água, mas nem liga para ela.
É assim que você deve vivenciar sua
verdadeira natureza. Digo "vivenciar", mas aí essa palavra já não
existe, porque ela está além do espaço, além do zero. E as palavras não podem
entrar aí; param aí. No Bhagavad Gita, o Senhor Krishna diz: "Para onde as
palavras retornam está o meu estado". Ainda assim, ele era rei e reinava,
mas sabia que nada existe.
Você não sabe que nada pode atingi-lo. Quando sentir que nada o atinge, você estará fora da ilusão. Esse é o ponto culminante da filosofia e você pode chegar lá. Lá, lá não há Mestre nem discípulo, pois ambos são um só. Não existe dualidade. Existe somente a Unidade e nada fica fora dela. Portanto, fique na ilusão, mas por compreensão.
Você não sabe que nada pode atingi-lo. Quando sentir que nada o atinge, você estará fora da ilusão. Esse é o ponto culminante da filosofia e você pode chegar lá. Lá, lá não há Mestre nem discípulo, pois ambos são um só. Não existe dualidade. Existe somente a Unidade e nada fica fora dela. Portanto, fique na ilusão, mas por compreensão.
Dois amigos queriam pregar uma peça num
outro amigo. Um começou a insultar o outro, mas o outro ria do insulto. O
terceiro ficou perturbado e disse: "Como podes rir quando ele está te
insultando?" Ele ria porque tinha a chave do jogo, mas o terceiro rapaz
não entendia. Do mesmo modo, uma pessoa Realizada, embora viva no mundo,
compreende que tudo isto é nada e o que quer que esteja acontecendo, nada está
acontecendo. Portanto, ela não é atingida.
As pessoas andam sempre com medo do que acontece ou vai acontecer. Temem o que as pessoas vão dizer. Pensam: "O que é que vou fazer? O que vai acontecer comigo?" Lutam ou desfrutam. Todos esses cativeiros se devem à mente.
As pessoas andam sempre com medo do que acontece ou vai acontecer. Temem o que as pessoas vão dizer. Pensam: "O que é que vou fazer? O que vai acontecer comigo?" Lutam ou desfrutam. Todos esses cativeiros se devem à mente.
Aquele que está fora do círculo entende
que tudo é nada. Não existe; é apenas ignorância. Diz-se que só quem mergulha
fundo no oceano é que pode encontrar a pérola. Quem fica na superfície é levado
pela corrente do prazer e do sofrimento. Você deve mergulhar fundo até as
profundezas do ilimitado, porque é lá que você está. Nunca pare no limitado. O
ouro não liga para as formas que ele assume nos ornamentos; pode ser a forma de
um cachorro ou de um deus, ele não se preocupa com a forma. Da mesma maneira,
seja indiferente com as coisas, porque elas não existem.
Nada pode atingi-lo. Você é intocado. A
mente deve chegar ao ponto de uma compreensão completa da ilusão. Ali jaz o seu
estado. Nada permanece para quem compreendeu. Não há mais perda ou ganho. Não
pergunte se você pode atingir a Realidade, porque você é a Realidade, então por
que dizer: "Será que eu posso?" Primeiro, saia do círculo. Largue
tudo, uma coisa após outra, e entre fundo em seu Ser. Depois volte e esteja em
tudo.
O que você descreveu é um bom estado,
não há dúvidas, mas vá um pouco mais adiante. Quando a mente aceita que tudo é
ilusão, somente ilusão, então você está no seu Ser. O corpo e a mente são
ilusões; você devia ficar contente de saber isso. Desvencilhe-se da identificação
com eles. A única coisa que o Mestre faz é dar o seu verdadeiro valor ao Poder
que está em você, ao qual você nem presta atenção. Ele não faz nada mais. Era
uma pedra, e o Mestre revela a própria natureza dela, que é diamante. Ele faz
de você a pedra mais preciosa.
Eu sou onipresente, todo-poderoso, sou
o Criador de tudo que existe. Quando você está na base de tudo, você está em
tudo. É por isso que nem um assassino pode ser considerado mal. O que quer que
esteja acontecendo, é "ordem minha". Seja o senhor, não o escravo!
Você é o senhor.
Pergunta: Eu gostaria de saber por que algumas
pessoas Realizadas reencarnam a fim de ajudar os outros a acordar?
Maharaj: Ninguém vem, ninguém vai. Quem lhe
contou isso? Você leu livros e repete. Diz-se que o maior homem é aquele que
morre desconhecido. Rama e Krishna foram heróis secundários. O homem realizado
vive em silêncio e morre em silêncio. Depois, o pensamento dele funciona numa
outra pessoa; mas que eles voltam é bobagem. Veja "A Doutrina do
Renascimento".
Ninguém vem, ninguém vai. É tudo um
sonho. Num sonho você pode se tornar um grande Mestre, mas, quando acorda, você
volta ao seu estado normal. Quem foi lá e quem voltou? Não aconteceu nada. O
conceito de um grande Mestre passou por você e você virou aquele "grande Mestre",
mas, quando acorda, você percebe: "Nossa, tudo isso é absurdo! Como posso
eu ser um grande Mestre? Não sei nada!" Mesmo assim, no sonho você dava
palestras e falava com facilidade sobre todas essas coisas, mas, quando chega o
despertar, todo conhecimento se esvai. Era um sonho.
De onde ele veio e aonde desapareceu?
Quando nada existe, tudo são apenas crenças e conceitos da mente. O suposto
sábio que diz "Eu sou a reencarnação de Deus" não o conhece, não
conhece a Realidade. Ao contrário, é escravo do seu ego, da ilusão. Quando o
próprio conhecimento não tem entidade, não vêm à baila todas essas coisas.
Aquele que compreende, livra-se de
tudo. Uma pessoa assim parece comum, mas seu coração é bem diferente. Se ficar
do lado de fora, como você poderá entender? Para se tornar o dono da casa, você
precisar entrar nela. Da mesma maneira, você precisa penetrar o seu próprio Ser
para tornar-se o dono. Mas aí o "eu" não permanece "eu".
Não mais se trata de Mestre ou discípulo.
O pensamento em um Mestre pode inspirar quem quer que assuma um corpo porque ele e o Sábio são unos. Penetre o coração do Realizado e você não permanecerá como "Você", porque só ele é. É por isso que se diz que aqueles que ensinam são reencarnações de Deus. O Mestre passa o ensinamento a todos, mas não o valoriza, porque sabe que o conhecimento é a maior ignorância. Portanto não se deixe tocar por nada.
O pensamento em um Mestre pode inspirar quem quer que assuma um corpo porque ele e o Sábio são unos. Penetre o coração do Realizado e você não permanecerá como "Você", porque só ele é. É por isso que se diz que aqueles que ensinam são reencarnações de Deus. O Mestre passa o ensinamento a todos, mas não o valoriza, porque sabe que o conhecimento é a maior ignorância. Portanto não se deixe tocar por nada.
Pergunta: Se tudo é ilusão, você mesmo é uma
ilusão?
Maharaj: Ah, sim! Eu sou a maior ilusão! Tudo
que digo de todo o coração e com tanta franqueza é tudo falso! Mas o falso
"eu" pode fazer você alcançar esse ponto. O endereço da pessoa não é
o objetivo. Quando você chega a casa, é graças ao endereço que lhe deram, o
endereço é verdadeiro somente até o momento em que você entra na casa. Assim
que você entra, desaparece o endereço. As palavras não passam de indicações;
não têm nenhuma realidade em si mesmas.
Se o "eu" permanece, eu também sou ilusão. Não permaneça como "eu". Essa é a mais alta compreensão da filosofia. O santo Tukaram dizia: "Vi a minha própria morte, e o que vi lá, a alegria que se revelou, isso eu conheço". Antes de tudo, você precisa morrer. "Você" significa ilusão.
Se o "eu" permanece, eu também sou ilusão. Não permaneça como "eu". Essa é a mais alta compreensão da filosofia. O santo Tukaram dizia: "Vi a minha própria morte, e o que vi lá, a alegria que se revelou, isso eu conheço". Antes de tudo, você precisa morrer. "Você" significa ilusão.
Por isso, o que digo é falso, todavia
verdadeiro, porque eu falo daquilo. O endereço é falso, mas, quando você atinge
o objetivo, é a Realidade. Da mesma maneira, todas as escrituras e os livros
filosóficos destinam-se apenas a indicar esse ponto, e, quando você o atinge,
eles se tornam inexistentes, vazios. As palavras são falsas; só o sentido que
elas comunicam é que é verdadeiro. Portanto, tudo é ilusão, mas, para
compreender a ilusão, é preciso ilusão.
Por exemplo, para tirar um espinho do dedo, você utiliza outro espinho; depois joga fora os dois. Mas, se você guardar o segundo espinho que utilizou para remover o primeiro, certamente você estará de novo preso. Para remover a ignorância, é preciso conhecimento, mas por fim ambos devem dissolver-se na Realidade. O seu Ser é sem ignorância nem conhecimento.
Por exemplo, para tirar um espinho do dedo, você utiliza outro espinho; depois joga fora os dois. Mas, se você guardar o segundo espinho que utilizou para remover o primeiro, certamente você estará de novo preso. Para remover a ignorância, é preciso conhecimento, mas por fim ambos devem dissolver-se na Realidade. O seu Ser é sem ignorância nem conhecimento.
Portanto, o Mestre e o buscador são
ilusões, porque ambos são um só. Se você guardar o segundo espinho, que
significa conhecimento, nem que seja um espinho de ouro, você estará preso
(pelo segundo espinho). O ego é a única ilusão, e ego é conhecimento.
Conta-se que para apanhar um ladrão é preciso tornar-se um ladrão. Então você poderá dizer-lhe: "Cuidado, eu estou aqui e sei que você é ladrão; portanto, não poderá me roubar". Mas você não pode apanhar o ladrão porque ele tem quatros olhos e você só tem dois. Num relance, o ladrão percebe os objetos de valor e, se você não estiver atento, ele lhes rouba. A ilusão é como o ladrão, de modo que você precisa ser mais forte do que o ladrão. A sua mente precisa aceitar que tudo é ilusão, somente ilusão. Então você será o "maior dos maiorais".
Conta-se que para apanhar um ladrão é preciso tornar-se um ladrão. Então você poderá dizer-lhe: "Cuidado, eu estou aqui e sei que você é ladrão; portanto, não poderá me roubar". Mas você não pode apanhar o ladrão porque ele tem quatros olhos e você só tem dois. Num relance, o ladrão percebe os objetos de valor e, se você não estiver atento, ele lhes rouba. A ilusão é como o ladrão, de modo que você precisa ser mais forte do que o ladrão. A sua mente precisa aceitar que tudo é ilusão, somente ilusão. Então você será o "maior dos maiorais".
O conhecimento é uma grande coisa, mas
deve ser apenas um remédio. Quando a febre baixa graças ao remédio que você
tomou, você deve parar de tomá-lo. Não prolongue o tratamento, senão você
criará mais problemas. O conhecimento só é necessário para remover o mal da
ignorância.
O médico sempre prescreve uma dosagem limitada! Antes de tudo, compreenda que o "eu" é uma ilusão e o que "eu" diz é ilusão. O Mestre e o que ele diz também são ilusão, porque na Realidade, "eu" e "Ele" não existem mais. Vá fundo para dentro de si, tão fundo até você desaparecer. Caso contrário, veja o que acontece. Entra um bode em sua casa, e, para fazê-lo sair, você abre a porta. O bode sai, mas entra um camelo. O camelo é apenas como a ilusão. Portanto, fique fora da ilusão.
O médico sempre prescreve uma dosagem limitada! Antes de tudo, compreenda que o "eu" é uma ilusão e o que "eu" diz é ilusão. O Mestre e o que ele diz também são ilusão, porque na Realidade, "eu" e "Ele" não existem mais. Vá fundo para dentro de si, tão fundo até você desaparecer. Caso contrário, veja o que acontece. Entra um bode em sua casa, e, para fazê-lo sair, você abre a porta. O bode sai, mas entra um camelo. O camelo é apenas como a ilusão. Portanto, fique fora da ilusão.
Ranjit Maharaj
Fonte: editoraadvaita.blogspot.com
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