Deixe a Vida Fluir

 


Em meio às demandas diárias e ao caos do mundo moderno, muitas vezes nos pegamos acreditando que estamos no controle absoluto de nossas vidas. No entanto, vale a pena refletir sobre essa perspectiva, pois será que realmente podemos fazer melhor do que aquilo que muitos chamam de força maior, Deus ou Consciência?

Já percebeu como as frustrações e decepções parecem ser companheiras constantes? Quando persistimos em carregar o peso do controle absoluto, muitas vezes nos deparamos com as dificuldades, nossas limitações e experimentamos conflitos internos que corroem a paz interior.


É como se, ao tentarmos superar as adversidades sozinhos, ignorássemos a ajuda que está disponível a cada instante. É importante compreender que, ao soltar as rédeas e confiar na providência divina, permitimos que a vida flua mais naturalmente, sem o fardo da tentativa de "controle" da personalidade.


Refletir sobre a ansiedade e o conflito interior é um passo fundamental para experimentar a verdadeira serenidade. A paz interior é como um oásis em meio ao deserto das preocupações cotidianas. É um estado que podemos experimentar, mas que muitas vezes negligenciamos em nossa busca incessante pelo controle.


Se ainda não percebeu, agora é o momento perfeito para parar e reconsiderar. Permita-se experimentar a paz interior antes que termine seu prazo de validade na Terra.


Abrir espaço para a colaboração com algo maior do que nós mesmos não é sinal de fraqueza, mas sim de sabedoria. Assim como uma vela que se rende ao vento, permita-se ser guiado pela força que transcende nossa compreensão. Essa rendição não é uma derrota, mas sim a descoberta de uma paz que transcende as limitações da mente dualista condicionada.


O conteúdo desse blog tem esse objetivo único proposto, apenas é preciso está pronto. Pois, quando ainda não estamos prontos, simplesmente ignoramos tudo o que diz respeito a nossa rendição (soltar), ou pular no “abismo” da incerteza.



Soltar




Em nossa jornada de autodescoberta, às vezes nos deparamos com conceitos que, à primeira vista, podem parecer incompreensíveis. Imagine o ato de "soltar" como um salto no desconhecido, um mergulho corajoso na incerteza que, por vezes, nos causa receio. Este blog visa exatamente isso: disponibilizar conteúdos relevantes, para que, quando chegar a hora, você esteja pronto para abraçar a ideia de rendição.


Ignorar o conceito de soltar pode ser como fechar os olhos diante da oportunidade de crescimento e transformação. Este espaço busca iluminar a importância desse preparo interno, guiando-o para a disposição de se entregar ao desconhecido e confiar.


Pode ser comparado a saltar em um abismo, mas não um abismo de escuridão, e sim de oportunidades e descobertas. Ao invés de ver a incerteza como um obstáculo assustador, considere-a como uma vasta paisagem de possibilidades, onde sua disposição em soltar se torna a asa que o impulsiona para novos horizontes.


A ideia de rendição pode parecer impossível, mas é importante destacar que não se trata de fraqueza, mas sim de coragem. É como confiar que, ao deixar ir, você permite que algo maior atue em sua vida, guiando-a de maneiras que sua mente dualista condicionada pode não compreender totalmente.


A rendição não é um ato de desistência, mas sim uma alternativa consciente de confiar no processo da Vida. Este espaço está aqui para proporcionar compreensão e insights enquanto você se prepara para dar esse salto transformador no "abismo" da incerteza e experimentar a paz interior que o mundo não pode dar.


A entrega, o soltar (fluidez) é o último e o mais importante estágio da iniciação espiritual o qual promove a liberação da Consciência aqui e agora. Para tanto você precisa deixar de acreditar que tem o controle de tudo, que pode fazer algo melhor do que Deus (Consciência espiritual).


Esta é a experiência comum de todos os iniciados, ainda identificados com as promessas enganosas da mente que mente (ambição, sentido do fazedor). O pai da mentira:

Te darei os reinos e a glória deste mundo, se prostrado, me adorares. (Mateus 4:8-9)
Vai-te, Satanás, ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás. (Mateus 4:10)

Como acontece com os demais iluminados, esta foi a última experiência de Jesus também.

É preciso abrir mão do controle do ego, entregar tudo a Deus, deixar Deus no controle de sua vida cotidiana e perceber a diferença entre antes e depois.



Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele e o mais ele fará. (Salmos 37:5)

 

Aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á. (Mateus 16:25)

 

Não somos capazes sequer de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus. (II Coríntios 3:5)

 

Alguns iniciados resolvem se dedicar após a aposentadoria. Outros começam a jornada espiritual ainda jovem. Nesse caso, há aqueles que não tem condições financeiras para se sustentarem, então alguns acabam virando mendigos. Eles abandonam tudo para se dedicarem a conhecer a Si mesmo.

Porém, cuidado. A peregrinação sem ter recursos para se sustentar, não é garantia que alguém atinja a iluminação espiritual. Geralmente é um processo muito longo devido as variações das vasanas (desejos). Mas, quando falamos “desejos”, não estamos nos referindo aos instintos naturais e as necessidades do corpo humano, como comer, fazer sexo, etc. Não é deixando de viver que alcançamos a Vida. É necessário apenas o desapego. Embora o sexo alcance certo equilíbrio naturalmente, não sendo mais compulsivo como antes. Porém, através da repressão sexual isso não é possível.


Quando falamos em "desejos", nos referimos ao ego no controle, as ambições do ego, carências, compulsões, vícios. A creditar que podemos fazer algo por conta própria. O sentido de fazedor. Não tenha dúvida de que este é o obstáculo psicológico.


É necessário certo tempo de preparação até compreender a diferença entre o que é real e o que é irreal. Após uma compreensão realmente profunda, a Consciência se revela após o ego (o sentido de fazedor) ter sido absorvido pela lucidez da Consciência espiritual.


Para compreender profundamente a diferença entre o que é real e o que é irreal, é necessário ouvir e ler livros sobre não dualidade (Unicidade).

 


Complemento - Papaji:


A ideia de que você está fazendo algo, é o empecilho


Papaji: Quando você tem cinco anos de idade, seus pais tomam conta de você. Quando você cresce e sente que pode tomar conta de si mesmo, você deixa seus pais e trabalha por si mesmo. Seus pais ficam felizes quando você se torna independente. Se você tem problemas, você sempre pode voltar a eles, para ajuda e conselhos e você será sempre bem-vindo. 

Por que eu estou lhe dizendo isso? Há uma energia, uma graça, a qual alimenta e cuida de você. Você pode voltar a ela para sustento. Esse reservatório é a fonte de toda energia. Ela é a fonte da eletricidade e também de sua própria energia. Não se esqueça que toda sua energia vem de Atman, da Graça. Quando você se conecta com esse reservatório, você tem duzentos por cento mais energia do que tem agora. Volte ao seu pai e veja por si mesmo.

Quando você deixar essa Graça gerir sua vida, você saberá: "isso está vindo da Graça. É sorte minha que eu tenha visto esta graça funcionando". Através dela me foi dada a oportunidade de olhar por minhas crianças, minha esposa, meus parentes, meu país. Quando você funciona a partir deste lugar, você tem uma nova vida. 


Oscilação das Vasanas




A oscilação das vasanas, conforme Ramana Maharshi exemplifica, significa os altos e baixos de nossa mente condicionada, enquanto estamos em uma jornada para se libertar do controle do ego, dos vícios e das ambições.


Experimentamos deixar para trás o ego e suas ambições, abrindo mão de um fardo pesado, experimentando a liberdade e a espontaneidade da vida. No entanto, nesse caminho de despertar da consciência, é comum ocorrer recaídas.


Mesmo após abrir mão do ego, você se pega novamente envolvido pela teia da ambição, voltando a acreditar que pode moldar seu destino por conta própria. Essa oscilação, esse vai e vem entre a liberdade momentânea e o retorno à identificação com antigas amarras, é o que Ramana Maharshi chama de oscilação das vasanas.


Experimentamos o soltar (desapego), mas de tempos em tempos, nos agarramos novamente a ambição do ego. Essas oscilações representam os desafios naturais da jornada interior, e é importante lembrar que não estamos sozinhos nessa experiência.


A oscilação das vasanas é uma parte intrínseca do processo de iluminação espiritual. A chave está em acolher essas flutuações com compaixão, sem julgamento.


Ao reconhecermos que é normal ter altos e baixos, podemos abraçar a jornada como um todo. Cada oscilação é uma oportunidade de aprendizado, um convite para compreendermos mais sobre nós mesmos. A verdadeira maestria reside finalmente na capacidade de manter a fluidez espontânea da vida, transcendendo as flutuações das vasanas.


As vasanas, entre outras coisas significa desejos (carência interior), quaisquer expectativas. Desejo de poder, de posse, de prosperidade, de sucesso. Por exemplo, você deseja abundância de alimentos? Moradia para todos ou algo semelhante? O desejo sugere que você não tem, que você é pobre. Funciona de forma inversa. É a mentira da mente que mente.


A expectativa mantém você sempre no futuro imaginário da mente (devaneio). Você nunca permanece no poder da Presença do Agora. Fica desconectado do Ser interior. Observe que as preocupações não adiantam e não resolvem nada. Solte e confie.


Quase ninguém consegue viver sem desejos ou expectativas. A "autoajuda", "motivação" e até mesmo "a lei da atração" que não abordam a não dualidade, vão na contramão e mantêm o ego (personalidade) no controle.


O "obstáculo" da liberação é a crença, a ideia de que "nós" que fazemos algo, enquanto só existe a Vida e não "nós" (eu a parte). Enquanto acreditamos que fazemos, tudo fica limitado.


Karma Yoga significa "fazer" sem esperar nada em troca. Porém, enquanto acreditamos que somos "nós" que fazemos, naturalmente esperamos recompensas, porque "nós" (eu a parte) significa falso eu (carência). A identificação com a mente, com as formas.


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E. S. Jesus

Um entusiasta e apaixonado pelo conteúdo Advaita. Meu coração bate em sintonia com os princípios da não dualidade. Imerso na busca pelo autoconhecimento, encontrei na simplicidade do Advaita uma fonte inesgotável de sabedoria e paz.

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