Perceba que todo modo de percepção é
subjetivo, que o que é visto ou ouvido, tocado ou cheirado, sentido ou pensado,
esperado ou imaginado, está na mente e não na realidade, e você experienciará
paz e liberdade do medo.
Compreenda isso claramente - o que quer
que você possa perceber, você não é aquilo que é percebido. Você pode ver ambos
a imagem e o espelho. Você não é nenhum deles.
Mudanças são inevitáveis no mutável,
mas aquilo que você verdadeiramente é não está sujeito a elas. Você é o fundo
imutável, sobre o qual as mudanças são percebidas.
A Sensação de Ser do “Eu Sou”
Como não posso ser o que percebo, não
sou este corpo-mente ou qualquer coisa da qual esteja consciente.
Não sou esta pessoa, este corpo-mente
ou qualquer coisa.
Até mesmo dizer que você não é o corpo
não é de todo verdade. De certa maneira você é tudo, os corpos, os corações, os
espíritos, e muito mais ainda. Mergulhe profundamente na sensação "eu
sou" e encontrará.
Como reencontrar algo perdido ou esquecido? Você aguarda presente no espírito até que ela venha a você. A sensação de ser do "eu sou" é a primeira a emergir. Pergunte-se de onde ela vem ou contente-se de contemplá-la com calma. Quando o mental se fixa, imóvel, sobre "eu sou" você entra em um estado que você não pode exprimir, mas você pode experimentar. Tudo que você tem a fazer é tentar sem cessar.
Apesar de tudo, esta sensação "eu sou" lhe é sempre presente, mas você a transplantou para todo gênero de coisas: corpo, sentimento, pensamento, opinião, posses interiores ou exteriores etc. Por causa delas você se tem por algo que você não é.
Como reencontrar algo perdido ou esquecido? Você aguarda presente no espírito até que ela venha a você. A sensação de ser do "eu sou" é a primeira a emergir. Pergunte-se de onde ela vem ou contente-se de contemplá-la com calma. Quando o mental se fixa, imóvel, sobre "eu sou" você entra em um estado que você não pode exprimir, mas você pode experimentar. Tudo que você tem a fazer é tentar sem cessar.
Apesar de tudo, esta sensação "eu sou" lhe é sempre presente, mas você a transplantou para todo gênero de coisas: corpo, sentimento, pensamento, opinião, posses interiores ou exteriores etc. Por causa delas você se tem por algo que você não é.
Como corpo, você está no espaço. Como
mente, você está no tempo.
Mas é você um mero corpo com uma mente
nele? Você já investigou alguma vez?
Por que não investigar a própria ideia
de corpo? É a mente que surge no corpo ou é o corpo que surge na mente?
Certamente deve haver uma mente para conceber a ideia "eu-sou-o-corpo".
Um corpo sem uma mente não pode ser "meu corpo". "Meu
corpo" estará invariavelmente ausente quando a mente está ausente. Ele
também está ausente quando a mente está profundamente engajada em pensamentos e
sentimentos.
Você observa o coração sentindo, a mente
pensando, o corpo agindo; o próprio ato de perceber mostra que você não é o que
você percebe.
O percebido não pode ser o percebedor.
O que quer que você veja, ouça ou pense a respeito, lembre-se - você não é o
que acontece, você é aquele para quem isso acontece.
Desejo, medo, problema, alegria, eles
não podem aparecer a menos que você esteja lá para que eles possam te aparecer.
Assim, o que quer que aconteça aponta para sua existência como um centro de
percepção. Abandone os apontadores e esteja consciente daquilo que eles estão
apontando.
Quando você realiza que a distinção
entre o interno e o externo só existe na mente, você não mais temerá. Você não
é o corpo nem está no corpo.
Não há tal coisa como o corpo. Você se
confundiu gravemente. Para compreender corretamente, investigue. Você não está
no corpo, o corpo está em você! A mente está em você. Eles acontecem para você.
Eles estão lá porque você os acha interessantes.
Você só sabe que reage. Quem reage e a
que, você não sabe. Você sabe imediatamente que você existe: "Eu sou".
O "eu sou isso",
"eu sou aquilo" é imaginário.
Para mim mesmo, eu não sou nem
percebível nem concebível; não há nada para onde eu possa apontar e dizer:
"isso sou eu". Você se identifica com tudo tão facilmente! Eu
acho isso impossível. O sentimento "eu não sou isso ou aquilo",
e "não há nenhum meu" é tão forte em mim que tão logo uma
coisa ou um pensamento aparece, imediatamente surge o senso "isso não
sou eu". O que quer que você possa ouvir, ver ou pensar a respeito, eu
não sou aquilo. Eu sou livre de ser um preceito ou um conceito.
Como você não pode ver sua face, mas
somente seu reflexo no espelho, assim você pode conhecer somente sua imagem
refletida no espelho de pura consciência. Veja as impurezas e remova-as. A
natureza do espelho perfeito é tal que você não pode vê-lo. O que quer que você
veja serão sempre impurezas. Dê as costas para elas, abandone-as, aperceba-se
delas como não desejadas. Todas as percepções são impurezas.
Tendo aperfeiçoado o espelho de modo
que ele reflita corretamente, verdadeiramente, você pode virar o espelho e ver
nele um reflexo de si mesmo - verdadeiro na medida em que espelhos refletem.
Mas o reflexo não é você mesmo - você é o observador do reflexo.
Lembre-se, nada que você perceba é você
mesmo.
O que é realmente seu, você não está
consciente.
Você não é nada do que possa estar
consciente.
Como deve haver algo imutável para
registrar descontinuidade, eu não sou este corpo-mente, o qual não é nem
contínuo nem permanente.
A mente é descontinua. De novo e de
novo ela sai do ar, como em um sono ou distração. Deve haver algo contínuo para
registrar a descontinuidade.
Memória é sempre parcial, não confiável
e evanescente. Ela não explica o forte senso de identidade que permeia a
consciência, o senso "Eu sou". Encontre o que está
na raiz dele.
Você não pode estar consciente daquilo
que não muda. Toda consciência é consciência de mudança. Mas a própria
percepção de mudança - ela não necessita de um fundo imutável?
O eu baseado na memória é momentâneo.
Mas tal eu demanda uma continuidade inquebrantável por trás dele. Você sabe por
experiência própria que há intervalos, falhas quando seu eu é esquecido. O que
o trás de volta à vida? O que o acorda pela manhã? Deve haver algum fator
constante suprindo as falhas na consciência. Se você olha cuidadosamente, você
descobrirá que até sua consciência diária acontece em flashes, com falhas
intervindo todo o tempo. O que existe nesses intervalos? O que mais pode ser
senão seu ser real, que é fora do tempo? A mente e a não-mente são um para ele.
Nisargadatta Maharaj
Fonte: metamorficus.blogspot.com
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Nisargadatta Maharaj