Os psicólogos dizem que o
condicionamento total que você recebeu até a idade de três ou quatro anos é seu
condicionamento básico. Haverá mais condicionamentos, mas o condicionamento
básico que cria a personalidade é a soma dos genes mais o condicionamento
ambiental. Chamo isso de programação. Cada organismo corpo/mente é programado
de maneira única. Não há dois organismos corpo/mente iguais.
Problemas divergentes são causados pelo
intelecto, ao dividir o que por natureza é total e indivisível. O intelecto
cria o problema ao dividir polaridade. Os opostos que existem não podem existir
por si mesmos. Não pode haver o "para cima" sem o "para
baixo", não pode haver a beleza sem a feiura. Mas o que o intelecto quer
é, isso ou aquilo. Ao comparar e querer selecionar, o intelecto cria um
problema divergente, e problemas divergentes jamais podem ser solvidos. Um
problema divergente pode apenas dissolver através da compreensão do próprio
problema, da compreensão que ele realmente não é um problema, que ele é criado
pelo intelecto querendo escolher entre os opostos que não são opostos de
maneira nenhuma. São interrelacionados.
O destino é a vontade de Deus em relação ao organismo corpo/mente
Quando você pensa que é você quem faz,
o que acontece? Há culpa, orgulho, ódio e inveja. Mas isso ainda não impede ao
que acontece de continuar a acontecer. Mas quando você pensa que você não faz,
então não há nenhuma culpa, nenhum orgulho, nenhum ódio, nenhuma inveja! A vida
torna-se mais pacífica.
Um ato acontece porque é o destino deste organismo corpo/mente e porque é a vontade de Deus. E as consequências daquela ação são também o destino daquele organismo corpo/mente. Se uma boa ação acontece, isso é o destino. Por exemplo, nós tivemos uma Madre Teresa. O organismo corpo/mente conhecido como "Madre Teresa" era programado de modo que acontecessem somente boas ações. Então o acontecimento das boas ações era o destino do organismo corpo/mente chamado Madre Teresa. E as consequências foram: um Prêmio Nobel, recompensas, prêmios, e doações para as várias causas. Tudo isso era o destino daquele organismo corpo/mente chamado Madre Teresa. Por outro lado, há um organismo psicopata que é programado de tal maneira - pela mesma fonte - que somente aconteçam ações perversas e maldosas. A manifestação dessas ações maldosas e perversas são o destino de um organismo corpo/mente que a sociedade chama de psicopata. Mas o psicopata não escolheu ser psicopata. Aliás não há nenhum psicopata; há só um organismo corpo/mente psicopático, cujo destino é produzir ações maldosas e pervertidas. E as consequências dessas ações são também o destino daquele organismo corpo/mente.
Uso a palavra "programar" em referência
às características inerentes ao organismo corpo/mente. A
"programação" para mim significa os genes mais os condicionamentos
ambientais. Fisicamente você não pôde escolher seus pais, portanto você não
teve escolha quanto aos seus genes. Do mesmo modo, você não teve escolha quanto
ao ambiente onde você nasceu. Portanto você não teve nenhuma escolha sobre os
condicionamentos da infância que você recebeu naquele ambiente, que inclui o
condicionamento em casa, na sociedade, escola e a igreja. Os psicólogos dizem
que o condicionamento total que você recebeu até a idade de três ou quatro anos
é seu condicionamento básico. Haverá mais condicionamentos, mas o
condicionamento básico que cria a personalidade é a soma dos genes mais o
condicionamento ambiental. Chamo isso de programação. Cada organismo
corpo/mente é programado de maneira única. Não há dois organismos corpo/mente
iguais.
Vamos supor que haja duas pessoas: uma
tenta superar seus limites e consegue, a outra não consegue. O que eu entendo é
que, seja aquela que prospera, seja aquela que fracassa, cada uma o faz porque
isso é o destino de cada organismo corpo/mente - que é a vontade de Deus.
A minha pergunta é: Qual das duas
vontades prevalece? Aquela do indivíduo ou aquela de Deus? Pela sua própria
experiência, até que ponto seu livre arbítrio prevaleceu?
Quando você quer algo e você trabalha
para isso e isso acontece, acontece porque sua vontade coincidia com a vontade
de Deus.
Que você aceite a vontade de Deus ou
você não aceite a vontade de Deus, isso também é a vontade de Deus!
Quando qualquer coisa que aconteça é
aceita, então não há nenhuma infelicidade, não há nenhuma miséria, nenhuma
culpa, nenhum orgulho, nenhum ódio, nenhuma inveja. O que há de errado nisso?
E, como já disse, as ações acontece através desse organismo corpo/mente e, se
esse indivíduo descobre que uma atitude feriu alguém, nasce a compaixão. Como a
compaixão poderia surgir se não houvesse nenhum coração?
O ser humano tem o intelecto para saber
que se fizer certas coisas, coisas terríveis acontecerão? Tem o intelecto para
saber que se produzir armamentos nucleares ou armas químicas, então as pessoas
as usarão e coisas terríveis acontecerão ao mundo? Tem o intelecto - portanto
se tiver livre arbítrio, então por que o faz? Se possui o livre arbítrio, por
que reduziu o mundo a essa condição?
O que a pessoa pensa que ela deva fazer
é baseado na programação.
Como a ação acontece? A resposta é que
a energia dentro do organismo corpo/mente produz a ação de acordo com a
programação.
As palavras do Buda são muito claras.
Quem tem o controle sobre aquilo que acontece? Deus tem o controle! Isso, como
vimos, é à base de cada religião. É, mas porque existem as guerras religiosas
se isso está na base de cada religião? São os intérpretes que causam estas
guerras! E como é que isso poderia acontecer se não fosse a vontade de Deus?
"Por que Deus criou o mundo como
é?" Veja, um ser humano é somente um objeto criado que é parte da
totalidade da manifestação que veio da Fonte. Portanto minha resposta é:
"um objeto criado jamais poderia conhecer seu criador!" Deixe-me
trazer uma metáfora. Vamos imaginar que você pinte um quadro, e nesse quadro
você pinta uma figura. Então aquela figura quer saber primeiro, por que você,
como um pintor pintou esse quadro particular, e segundo, por que você pintou
aquela figura de modo tão feio! Veja, como pode um objeto criado jamais
conhecer a vontade do próprio criador? Meu ponto de vista é que, embora seja
assim, isso não o impede de fazer o que você pensa que você deva fazer! Aceitar
que nada acontece a menos que seja a vontade de Deus, isso não impede a
qualquer pessoa de fazer o que ela pensa que deva fazer. Poderia ser de outra
forma?
A energia dentro do organismo
corpo/mente não permitirá ao organismo corpo/mente permanecer inativo nem mesmo
por um momento. A energia continuará a produzir alguma ação, física ou mental,
a cada instante, de acordo com a programação do organismo corpo/mente e o
destino do organismo corpo/mente, que é a vontade de Deus. Mas isso não impede a
você, que ainda pensa que é um indivíduo, de fazer o que você pensa que você
deve fazer. Portanto, o que de fato eu digo é, "Aquilo que você pensa que
você deve fazer em qualquer situação, em qualquer momento particular, é
precisamente aquilo que Deus quer que você pense que você deve fazer!"
Definitivamente, aceitar a vontade de Deus não vai impedi-lo de fazer o que
você pensa que você deve fazer. Vê? Aliás, você não pode fazer nada mais que
fazê-lo!
"Aquilo que você gosta só pode ser
porque é a vontade de Deus que você goste. Nada pode acontecer a menos que seja
Sua vontade".
Cada vez mais os cientistas estão
chegando à conclusão que os místicos sempre sustentaram - de que qualquer ação
que aconteça, podemos sempre buscar o motivo na programação.
Se um organismo corpo/mente não é
programado para trair sua esposa, então qualquer coisa que digam os outros, ele
não o fará. Se você for programado de maneira que você não levantará sua mão
contra ninguém, você começará a matar as pessoas? Agora, se existisse uma lei
permitindo que você bata em sua esposa sem que você corra nenhum risco, você
começaria a surrar sua esposa? Não, a menos que o organismo corpo/mente seja
programado para fazer isso, e se é programado para fazer isso, o fará de
qualquer jeito. Então como disse, aceitar a vontade de Deus não vai impedi-lo
de fazer qualquer coisa que você pense que você deva fazer. Faça-a! Faça
exatamente aquilo que você acha que deva ser feito!
Se quiser você pode jogar fora o
conceito de destino e dizer que ninguém realmente pode saber alguma coisa sobre
nada. Ótimo! Não há nenhuma necessidade de manter o conceito de destino. Afinal
de contas, se aceita que o que acontece não está em seu controle, então quem
estaria preocupado com o destino?
Ramesh Balsekar
Fonte: editoraadvaita.blogspot.com
Continuação...
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