Estude a prisão que você,
inadvertidamente construiu a sua volta. Descobrindo o que você não é você
acabará se conhecendo. O caminho de volta a si mesmo vai através da recusa e da
rejeição. Uma coisa é certa: o real não é imaginário, não é produto da mente.
Até mesmo o sentido de "eu sou" não é continuo, apesar de ser
um sinalizador útil; ele mostra onde procurar, mas não o que procurar. Apenas
dê uma boa olhada nisso.
Uma vez que você estiver convencido de
que você não pode dizer verdadeiramente nada sobre si próprio, exceto "eu
sou", e de que nada para o que você possa apontar, pode ser você mesmo,
a necessidade do "eu sou" termina. Você não mais tentará
verbalizar o que você é. Tudo o que você precisa é livrar-se da tendência de
definir a si mesmo. Todas as definições aplicam-se somente ao seu corpo e às
suas expressões.
Uma vez que esta obsessão com o corpo
termine, você reverterá ao seu estado natural, espontaneamente e sem esforço. A
única diferença entre nós é que eu estou consciente do meu estado natural,
enquanto você está a devanear. Assim como o ouro usado numa joia não leva
nenhuma vantagem em relação ao ouro em pó, exceto quando a mente as cria, assim
também somos uno em essência - diferimos apenas na aparência. Descobrimos isto
sendo sinceros, procurando, inquirindo, questionando diariamente, a toda hora,
dedicando uma vida a essa descoberta.
Não vejo diferença nenhuma entre você e eu
Discípulo: Maharaj, você está sentado aí,
diante de mim e eu estou aqui a seus pés. Qual a diferença básica entre nós?
Maharaj: Não há nenhuma diferença básica.
D: Mas, ainda assim parece ter
alguma diferença real. Eu vim a você, você não veio até mim.
M: É porque você imagina essas
diferenças que você veio aqui e vai ali em busca de uma pessoa superior.
D: Mas você é uma pessoa superior.
Você alega conhecer a realidade enquanto eu não.
M: Eu por acaso lhe disse que você
não sabe nada e, portanto, que você é inferior? Deixe aqueles que criaram essas
distinções, prová-las. Eu não alego conhecer algo que você não conhece. Na
verdade, eu sei muito menos do que você.
D: Suas palavras são sábias, seu
comportamento é nobre e sua graça é poderosa.
M: Eu não sei nada sobre tudo isso e
não vejo diferença nenhuma entre você e eu. A minha vida é uma sucessão de
eventos exatamente como a sua. A única diferença entre nós é que eu estou
desapegado e vejo o show que passa somente como um show que passa, enquanto
você se apega às coisas e se move com elas de um lado para o outro.
D: O que o torna uma pessoa tão
imparcial?
M: Nada em especial. Aconteceu que
eu acreditei no meu Guru. Ele me disse que eu não sou nada além de mim mesmo, e
eu acreditei nele. Acreditando nele, eu passei a me comportar de acordo e parei
de me preocupar com tudo o que não era eu ou que não era do meu ser.
D: Por que você foi tão bem-aventurado
em acreditar totalmente no seu professor enquanto nossa fé é nominal e verbal?
M: Quem pode dizer? Isso
simplesmente aconteceu. Coisas acontecem sem causa e sem razão e, de qualquer
forma, que diferença faz quem é quem? A sua elevada opinião sobre mim é apenas
a sua opinião. A qualquer momento você pode mudá-la. Por que dar tanta
importância a opiniões, mesmo que sejam as suas?
D: Ainda assim você é diferente. Sua
mente parece estar sempre quieta e feliz e milagres acontecem a sua volta.
M: Eu não sei nada sobre milagres. E
fico pensando se a natureza admite exceções às suas leis, a menos que
concordemos que tudo seja um milagre. Para mim, isso não existe. Há uma
consciência onde tudo acontece. Esses milagres são bastante óbvios e fazem
parte da experiência de todos. Você apenas não olha com o cuidado suficiente.
Olhe atentamente e veja o que eu vejo.
D: E o que você vê?
M: Eu vejo o que você também pode
ver aqui e agora, mas pelo foco errado da sua atenção. Você não dá atenção a si
próprio. Sua mente está cheia de coisas, pessoas e ideias, nunca com você
mesmo. Coloque a si mesmo dentro do foco. Torne-se consciente da sua própria
existência. Veja como você funciona, verifique os motivos e os resultados das
suas ações.
Estude a prisão que você,
inadvertidamente, construiu a sua volta. Descobrindo o que você não é você
acabará se conhecendo. O caminho de volta a si mesmo vai através da recusa e da
rejeição. Uma coisa é certa: o real não é imaginário, não é produto da mente.
Até mesmo o sentido de "eu sou" não é continuo, apesar de ser um
sinalizador útil; ele mostra onde procurar, mas não o que procurar. Apenas dê uma
boa olhada nisso.
Uma vez que você estiver convencido de
que você não pode dizer verdadeiramente nada sobre si próprio, exceto "eu
sou", e de que nada para o que você possa apontar pode ser você mesmo, a
necessidade do "eu sou" termina. Você não mais tentará verbalizar o
que você é. Tudo o que você precisa é livrar-se da tendência de definir a si
mesmo. Todas as definições aplicam-se somente ao seu corpo e às suas
expressões.
Uma vez que esta obsessão com o corpo
termine, você reverterá ao seu estado natural, espontaneamente e sem esforço. A
única diferença entre nós é que eu estou consciente do meu estado natural,
enquanto você está a devanear. Assim como o ouro usado numa joia não leva
nenhuma vantagem em relação ao ouro em pó, exceto quando a mente as cria, assim
também somos uno em essência - diferimos apenas na aparência. Descobrimos isto
sendo sinceros, procurando, inquirindo, questionando diariamente, a toda hora,
dedicando uma vida a essa descoberta.
Nisargadatta Maharaj
Fonte: www.yoga.pro.br
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Nisargadatta Maharaj