"Ele,
o único, Nele tudo existe." Ele está perto e está longe. Ele
está dentro de tudo. Ele está fora de tudo, penetrando tudo. Aquele
que vê o único Espírito Infinito em todos os seres, e aquele que vê tudo
naquele Espírito Infinito, nunca se afasta dessa Unidade. Aqueles que veem
toda a vida e todo o universo em Deus não têm mais ilusões. Onde está a
miséria para aqueles que veem esta Unidade em todos os lugares?
Esta
é a grande questão do Vedanta, esta Unidade da vida, esta Unidade de
tudo. Vejamos como se demonstra que toda a nossa miséria provém da
ignorância, e esta ignorância é o conceito de multiplicidade, esta separação
ilusória entre um ser humano e outro, entre uma nação e outra. O Vedanta
diz que esta separação não existe, que não é real. É uma mera ilusão,
superficialmente. A unidade está no centro das coisas. Se você romper
a superfície, descobrirá esta Unidade entre todos os seres humanos e todas as
raças, superiores e inferiores, ricos e pobres. Se você cavar fundo o
suficiente, verá que tudo são apenas variações do Um.
Quem
conseguiu chegar a este conceito de Unidade conhece a realidade de tudo, o
segredo de tudo. Eles traçaram a realidade de todas as coisas até o
Senhor, que é o Centro, a Unidade de todas as coisas, e que é a Existência
Eterna, o Conhecimento Eterno e a Bem-Aventurança Eterna.
Aqueles
que adoram o mundo material tateiam nas trevas, no mundo que resulta da
ignorância. E aqueles que passam a vida neste mundo sem descobrir nada
melhor ou mais elevado, tateiam numa escuridão ainda maior. Mas aqueles
que conhecem o segredo da natureza, aqueles que vêem a Unidade além da natureza
em todas as partes da natureza, são os únicos que desfrutam da Bem-aventurança
Eterna.
Você e eu somos um com Brahman
De
acordo com a teoria do Advaita Vedanta, tudo o que vemos ao nosso redor (o
universo inteiro, na verdade) é a manifestação do Único Absoluto. Em
sânscrito isso é chamado de Brahman. Uma parte do Absoluto tornou-se a
totalidade da natureza. Mas aqui surge uma dificuldade. Como é
possível que o Absoluto mude? O que causou a mudança do
Absoluto? Pela sua própria definição, Brahman é imutável. A mudança
da invariável representaria uma contradição. Aqueles que acreditam num
Deus pessoal encontram esta mesma dificuldade. Como pode a criação surgir
do nada? O que vem do nada nunca pode ser alguma coisa.
A
resposta é que o efeito deve ser a causa de outra forma. A grande árvore
vem da semente. A ciência moderna demonstrou com evidências que a causa é
o efeito de outra forma. A causa varia e se torna o efeito. Deus se
tornou o universo. Mas se assumirmos que Deus se tornou este universo,
então Deus está aqui e mudou. E se o infinito se tornou este universo
finito, o infinito terá, portanto, desaparecido e Deus será Infinito menos o
universo.
Para
evitar uma doutrina panteísta, na qual Deus não é nem mais nem menos que toda a
natureza, temos a ousada teoria do Vedanta, que afirma que este universo não
existe como o pensamos, e que o invariável não existiu realmente alterado. O
Vedanta diz que todo o universo é uma mera aparência, que não é
realidade; e que a noção de partes, pequenos seres e diferenciações é
apenas ilusória, não é a verdadeira natureza de cada coisa. Deus não mudou
nada; Deus não se tornou o universo. Vemos Deus como o universo
porque temos que olhar através do tempo, do espaço e da causa. O tempo, o
espaço e a causa originam esta aparente diferenciação.
A
teoria do Vedanta, portanto, chega a isto: você e eu e tudo no universo somos o
Absoluto, não somos partes dele, mas o todo. Todas as divisões aparentes,
todas as limitações, são ilusórias. O Vedanta prega corajosamente que você
e eu somos um com Brahman, completo e perfeito. Você nunca foi
limitado. Se você pensa que é limitado, permanecerá limitado; se você
sabe que é livre, você será livre. Portanto, o objetivo desta
filosofia é fazer-nos compreender que sempre fomos perfeitos e livres e que
continuaremos a ser perfeitos e livres para sempre.
Vivekananda
Fonte:
https://www.nodualidad.info