Estudo das Upanishads - Dayananda Saraswati





Não há nada separado de você. Você é a totalidade que existe


Atmavijnana, autoconhecimento não é subjetivo porque o "eu" é um e não muitos. Mas a nossa crença é de que existem muitos "eus". É por isso que eu sou um ninja. O mundo é diferente, Deus é diferente, os devatäs são diferentes, eu sou diferente. Nós não vemos o atma como um. Nós vemos o atma como se fossem muitos. É dessa mesma visão que surge o ninja, pois existem outros me ameaçando. Antes que eles me ataquem, eu os ataco! Mas, se conforme a visão de Vedanta, o Ser é um e não dois, isto significa que eu não tenho ninguém contra quem lutar. 

Por toda a nossa vida nós nos posicionamos com uma das mãos levantada para nos defendermos e a outra pronta para bater. Alguém me perguntou o que é paciência, o que é tolerância, o que é esta capacidade de suportar o que acontece, chamada titikñä. Você sabe o que é isso quando morde a língua. Você não puxa a língua para fora da boca e a decepa! Você não pode realmente fazer coisa alguma, pois você não pode ser um ninja contra você mesmo. Você está presente em sua língua, assim como em seus dentes também. Onde há unidade, não há luta. 

Todo o problema de lutar contra os outros é devido à minha visão do mundo como algo totalmente diferente daquilo que eu sou. As Upaniñads afirmam que isto é devido ao fato de você pensar que existem muitos atmas, mas há apenas um atma, não apenas com referência a indivíduos e seres vivos, mas até mesmo com referência ao mundo que você considera como sendo diferente de você. O mundo também não está separado de você. A assim chamada "separação" não é intrinsecamente verdadeira.

Se esta é a visão de Vedanta sobre você, ela é comunicável. É um fato que atma é um, não-dual e que não há nada separado de você. Você é a totalidade que existe. Você pensa ser uma parte infinitesimal e não gosta nada disso. Mas as Upaniñads dizem "Você é pürëaù, o todo". O fato de que você é o todo é comunicável. Não fosse comunicável, não seria conhecimento. Tornar-se-ia algo subjetivo. 

Um sujeito diz que o atma é bonito, mas um outro diz: "que tipo de beleza?", pois o seu gosto é diferente. Vedanta comprometido com esta visão da unidade do Ser revela este fato através de palavras próprias para comunicar e, assim, remover a causa para a insatisfação consigo mesmo. Este é o problema básico. 

Nós desejamos satisfazer o Ser insatisfeito e pensamos: "Eu estou insatisfeito porque não tenho isso, não tenho aquilo". São desvarios. O "eu" é uma entidade que é completa e ilimitada. Na verdade, não há outra entidade. Somente há uma entidade e ela é você. Como isto pode ser egoísta? Ser egoísta é reconhecer um outro ser. A beleza aqui é que o Ser é o todo e essa totalidade é aplicável a todos.

Um katori, uma cumbuca, tem um certo espaço dentro de si que é chamado "espaço de katori". O espaço dentro de um copo é chamado "espaço de copo". O espaço dentro de um pote é chamado "espaço de pote". Suponha que o katori pense: "Oh, eu sou um espaço pequeno. Veja este pote, esta sala, que espaços grandes!" Se este espaço de katori tivesse uma mente e uma identidade própria para dizer "eu sou um espaço de katori", e se o katori for o seu corpo, ele então, naturalmente, irá ter um senso de limitação e irá se comparar com outros espaços de pote e de sala. Vedanta diz: "Você não é espaço de katori. Você é espaço, o espaço que em todos os lugares existe, espaço que a tudo acomoda, o espaço que tudo penetra". Agora, quantos espaços existem? Existe apenas um espaço. Não há um segundo espaço. Todo o universo físico está acomodado no espaço. O espaço é ilimitado e o "espaço de katori" existe somente de um determinado ponto de vista. O espaço que é "eu" é ilimitado, há apenas um espaço.

Não existe a questão da limitação e qualquer sofrimento devido à limitação é devido ao desconhecimento de que eu sou aquele único, total, ilimitado espaço. Devido a esta ignorância, existe o erro. O problema de sentir-se pequeno é o problema da insatisfação consigo mesmo. Para resolver este problema, o katori quer tornar-se pote, o pote quer tornar-se a sala, a sala quer tornar-se uma sala ainda maior. Por um processo de vir-a-ser, como é possível tornar-se o Todo? Não há necessidade de tornar-se. Já é o espaço ilimitado. 

Na visão de Vedanta, não há uma segunda entidade. O Ser é o todo e, portanto, não há qualquer razão de insatisfação. Insatisfação é o anartha. Anartha significa aquilo que eu não quero. Ninguém quer insatisfação, mas ela é universal, nascida da ignorância. O autoconhecimento é oposto àquela ignorância e Vedanta existe para lhe dar este conhecimento. Diga-me: existe opção quanto a este conhecimento? Quais as opções que você tem? É como perguntar: "devo respirar ou não?" Neste conhecimento de atma, ekatva - a unidade do Ser - você não tem escolha, não tem opções. Para tudo o mais você tem opção. Todo o mundo, todos os seus puruñärthas, seus objetivos, estão cheios de opções. Por ninguém querer ser descontente, ninguém quer ser um ninja, portanto não há escolha quanto a este conhecimento. Você tem que conhecer a você mesmo. E com o objetivo de levar você a compreender a unidade do atma, todas as Upanishads se iniciam.

Dayananda Saraswati

Fonte: www.vidyamandir.org.br


Continuação





E. S. Jesus

Eu sou um autor dedicado à investigação e descoberta de aspectos ainda pouco conhecidos da Bíblia. Meu objetivo é esclarecer conteúdo ainda obscuros para muitos. Assim, convido você a embarcar nesta investigação comigo, onde exploraremos juntos esses conteúdos.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem