Uma
vez, há quase 50 anos, vim dar uma volta no fim da tarde pela beira do rio
Ganges e vi que havia alguns sadhus morando em pequenas cabanas de
bambu. Isso me inspirou para também me mudar para aqui.
Eu
estudava no Kailaśa Āśram, aqui perto, e comecei também a dar algumas aulas de
Vedānta e sânscrito na minha cabana. Levava uma vida muito simples, mas
extremamente realizada e feliz.
Tempos
depois, um sadhu se instalou numa das cabanas que estavam
disponíveis. Ele era astrólogo e, durante dois anos, insistiu para que eu
fizesse meu mapa astral com ele.
Afinal,
quando aquiesci, ele fez todos aqueles cálculos e voltou sem acreditar no que
havia visto: eu poderia vir ser uma pessoa muito poderosa, pois tinha potencial
para isso.
Perguntou-me:
“Como é que você fica aqui, nesta penúria, sendo que tem a possibilidade de
possuir um Asram enorme e muitos discípulos, pelo que dá para ver no seu mapa?
Por que você fez essa opção? Você não quer ter sucesso na vida”?
O
coitado, dentro da cabeça dele, achava que eu estava infeliz aqui, meditando,
estudando e aprendendo.
O
julgamento de que a vida que eu tinha era ruim ou difícil é dele, pois eu
sempre achei aquele período o mais satisfatório de todos os que vivi.
Temos
nesta situação dois pontos de vista totalmente diferentes sobre o que seja
realização pessoal.
Olhando
desde o ponto de vista dele, eu era um pobre coitado. Do meu lado, eu estava
totalmente realizado.
Dayananda
Saraswati
Transcrição
de uma palestra ministrada por Swāmijī no dia 11 de março de 2011. Tradução de
Pedro Kupfer.
Fonte:
https://www.yoga.pro.br